O Risco de não saber o que se está fazendo
Segundo o famoso investidor americano Warren Buffet, o real e terrível risco reside em “não saber o que se está fazendo”. O perigo maior não está necessariamente nas incertezas externas, mas sim na falta de conhecimento, preparo ou entendimento sobre as próprias decisões.
Essa percepção é especialmente relevante em situações nas quais decisões — pessoais ou empresariais — são frequentemente tomadas com base em informações equivocadas, incompletas ou até mesmo pela ausência total delas.
Por isso, inclusive, costuma-se dizer que os dados são o “petróleo” deste século: quem os possui consegue analisar melhor as variáveis em diversos cenários e tomar decisões mais precisas, reduzindo a margem de riscos inesperados.
Gestão de riscos segundo a ISO 31000
Idêntica à norma internacional elaborada pelo Technical Committee Risk Management (ISO 31000:2018), a norma ABNT NBR ISO 31000 é uma ferramenta conceitual, com diretrizes essenciais na jornada em busca de se compreender riscos corporativos.
Gerenciar riscos é parte da governança de qualquer empresa. A gestão de riscos é dinâmica, viva, que se retroalimenta e que permeia todas as operações, de todos os setores e níveis organizacionais.
Para a ISO 31000, o risco é o efeito da incerteza sobre os objetivos de uma organização. Gerir riscos significa, portanto, reduzir essas incertezas para alcançar os objetivos por meio de “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização”.
Por meio da gestão de riscos é possível antecipar cenários, detectar mudanças, reconhecer oportunidades e ameaças, e responder de forma ágil e eficaz a cada uma dessas situações.
Por isso, o processo se inicia contextualizando a empresa. Isto é, analisar a organização em relação ao seu contexto interno e externo, permitindo decisões mais acertadas com base em uma visão estratégica e integrada, ou seja:
- “Olha-se para fora“: analisa-se o mercado, os concorrentes, os fatores que podem comprometer sua longevidade, como ameaças e o que pode destacá-la frente às oportunidades;
- “Olha-se para dentro“: avalia-se sua estrutura e cultura, identifica-se os controles já existentes, examina-se as pessoas, relaciona-se os pontos fortes e os pontos fracos.
É, sem dúvida, um processo complexo e para funcionar exige comprometimento.
Comprometimento este que se inicia pela liderança, que deve estar preparada para reconhecer os riscos (ameaças e oportunidades), agir com agilidade na implementação de medidas e alinhar essa gestão aos seus propósitos, aceitando que toda decisão gera um resultado, seja ela positivo, seja negativo.
O que não se pode fazer é ignorar os sintomas e recusar as causas.
Transportadoras e os riscos do negócio
Qualquer tipo de negócio, independentemente do porte da organização, enfrenta riscos. Há setores, no entanto, expostos a uma multiplicidade de riscos de variadas intensidades. Dentre eles, está o setor de transporte de cargas.
As Transportadoras Rodoviárias de Cargas vivem em um ambiente multifacetado de desafios. Inseridas em um mercado altamente regulado e competitivo, a gestão de riscos corporativos é, sem dúvida, uma aliada estratégica para que possa performar melhor.
Um exemplo muito simples:
“Ao notar o aumento de sinistros por roubo, uma transportadora decide adotar um processo estruturado para entender e mitigar os riscos.
O primeiro passo é analisar o contexto interno (como falhas operacionais e alta rotatividade de motoristas) e externo (como aumento da criminalidade em certas regiões).
Em seguida, identifica falhas nos seus processos e ausência ou a falha de controles. As ações podem incluir melhorias tecnológicas, treinamento, planejamento de rotas seguras e parcerias com corretoras especializadas. O processo segue com monitoramento contínuo e comunicação clara entre todos os envolvidos”.
Então, como o que se deve fazer?
Mediante comunicação e consulta deve-se:
- Estabelecer o contexto: ambiente interno e externo;
- Identificar os riscos;
- Analisar os riscos identificados;
- Avaliar riscos;
- Tratar os riscos, elegendo as medidas apropriadas para reduzir a probabilidade e o seu impacto
- Registrar e relatar.
A fase complementar é o monitoramento: monitorar e analisar criticamente o resultado das decisões tomadas.
A contratação de seguros como tratamento de riscos
Na análise de riscos que permeiam uma organização, extrai-se aquilo que deve ser tratado e como deve ser tratado.
Uma das formas de tratamento dos riscos identificados é justamente é a contratação de seguros, cuja finalidade é garantir interessea seguráveis contra eventos previstos nas apólices.
Contratar seguros, portanto, serve para mitigar vários riscos, tais como riscos financeiros e/ou riscos reputacionais (a exemplo de um sinistro ambiental); e/ou riscos de conformidade (a exemplo dos seguros obrigatórios previstos na lei – RCTR-C, RC-DC e RC-V), que devem ser contratados pelos Transportadores Rodoviários de Cargas.
No entanto, a simples contratação de seguros não é sinônimo de proteção automática.
Seguros mal contratados ou mal executados também geram riscos
Para ser uma eficaz forma de tratamento de riscos, os seguros devem ser bem contratados e, sobretudo, bem dimensionados, razão pela qual Corretoras de Seguros especialistas são fundamentais para compatibilizar a resposta precisa aos riscos relacionados, e até mesmo contribuir na identificação deles.
Vale destacar que a contratação dos seguros de cargas por transportadores rodoviários de cargas e embarcadoras, isto é a contratação dos seguros de RCTR-C, RC-DC, RC-V, Seguro de Transporte, Seguro de RC Ambiental Transportes, entre outros, revela-se como um fator que acaba acarretando também a mitigação de diversos riscos operacionais, considerando as inúmera regras e condições das apólices que devem ser cumpridas e observadas, sob pena de isenção de responsabilidade da Seguradora e exclusão da indenização.
Nesse sentido, os riscos residuais, que são os riscos que aparecem após a fase de implementação das medidas que tratam os riscos originalmente, também devem ser tratados.
Portanto, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: adiantará para um transportador entender os seus riscos legais, financeiros, reputacionais e contratar, por exemplo, uma apólice de seguro de RC-DC e não observar o PGR (plano de gerenciamento de riscos das operações de transporte)?
A resposta é não!
Num primeiro momento, houve o tratamento dos riscos, que foi o de contratar a apólice do seguro de RC-DC, mas num segundo momento não houve o tratamento dos riscos residuais, que são justamente aqueles que surgem pelo não cumprimento, no exemplo dado, do PGR, vinculado ao seguro de roubo de carga.
E, deixe-se claro, não é só o PGR! O não cumprimento de qualquer das regras das apólices pode implicar os mesmos riscos ou até novos riscos, tão graves como se não houvesse a contratação, mas com o agravante da completa frustração do empresário transportador, quando se encontrava certo da indenização para um eventual sinistro, por exemplo.
Conclusão
Obviamente sem a pretensão de esgotar o tema, é importante compreender que a gestão de riscos, conforme orienta a ISO 31000, é uma ferramenta estratégica indispensável para a sustentabilidade de qualquer tipo de negócio, independentemente do porte e setor.
No setor de transporte rodoviário de cargas, no entanto, onde os desafios são diários e os riscos concretos, adotar uma abordagem estruturada para identificar, avaliar, tratar e monitorar riscos representa uma vantagem competitiva real, capaz de levar a empresa para um novo patamar.
Contratar seguros adequados, bem dimensionados, com corretores especialistas é a resposta eficiente para a primeira etapa na mitigação de riscos.
A segunda etapa — igualmente essencial — é cumprir rigorosamente as regras previstas das apólices. Sem isso, mesmo a melhor cobertura pode se tornar ineficaz no momento do sinistro.
Somente corretoras especializadas podem garantir que ambas as etapas sejam cumpridas com excelência: desde a escolha correta das coberturas até a orientação contínua para que o segurado atue em conformidade com o que foi contratado.
Mais do que evitar perdas ou reduzir sinistros, gerir riscos é compreender profundamente o próprio negócio, antecipar cenários, fortalecer decisões, alinhar a operação aos objetivos estratégicos da empresa — e, acima de tudo, seguir em frente com solidez, prosperar e garantir longevidade ao negócio.
A ARTUS conta com profissionais certificados como Risk Management na ISO 31000 para apoiar os nossos Clientes de forma qualificada, na identificação, avaliação e implementação de medidas para mitigar os riscos que podem comprometem a gestão das suas apólices de seguros de carga e demais seguros relacionadas ao transporte.
Conte conosco e até breve!